sábado, 29 de outubro de 2011

Moção da Associação de Pós Graduandos da USP


Moção da Associação de Pós Graduandos da USP sobre a situação de
enfrentamento com a Polícia Militar no dia 27 de outubro.

A Sociedade Brasileira atravessa, há tempos, um grave problema de
Segurança Pública. Persistem, no conjunto da ação estatal no âmbito da
Segurança Pública, diferenças visíveis na relação com as diferentes classes
sociais. Essa diferença é reforçada pela ação estatal no âmbito da educação
superior. A Universidade, apesar de avanços recentes, continua de costas
para o conjunto mais carente da sociedade.
Entretanto, fisicamente a Universidade de São Paulo não é uma ilha.
O território físico da Universidade é aberto à população geral e, portanto,
cenário do mesmo problema com a Segurança Pública.
Levando isso em conta, o reitor da Universidade de São Paulo,
ouvido o Conselho Gestor do Campus, assinou no dia oito de setembro,
convênio com a Polícia Militar para reforçar o policiamento preventivo nas
vias do Campus, respeitados os espaços e atividades acadêmicas.
Na última quinta-feira, a Polícia Militar enfrentou resistência dos
estudantes durante os procedimentos de prisão de três estudantes pelo uso
de maconha. Os agentes policiais, exorbitando seu poder legal de ação,
invadiram o prédio da FFLCH, no encalço dos estudantes, como se
criminosos fossem. Para além de discutir o conteúdo do exorbitante ato
policial – o uso de maconha é descriminalizado no Brasil! – é importante
que discutamos o método de ação utilizado pela Polícia Militar,
exemplificado por esse episódio.
Todos os dias os setores mais carentes de nossa sociedade enfrentam
a repressão do Estado com a violência policial, ou seja, do constante abuso
e desrespeitos aos limites impostos pela Lei. A reação dos estudantes deve
ser encarada como um exemplo de resistência e ensinamento à população
que sofre, diuturnamente, com essa agressão aos seus direitos.
Nesse contexto, consideramos legítima a ação de ocupação feita ao
prédio da FFLCH, objetivando a revogação do convênio com a Polícia
Militar. Esse convênio é fruto de mais um instrumento de gestão pouco
participativa e pouco permeável ao diálogo, como todas as estruturas
colegiadas burocráticas da Universidade – como o Conselho Gestor do
Campus, o Conselho Universitário etc., que refletem décadas de uma
“democracia” elitista, com baixa intensidade e fraca capacidade de diálogo.
Conclamamos a Direção da Universidade e toda a comunidade
acadêmica para, através de um amplo processo de diálogo, estabelecermos
novas e diferentes soluções e consensos sobre formas de garantir a
segurança no Campus Butantã, bem como no conjunto da sociedade,
respeitando o direito de organização de estudantes e trabalhadores, ao invés
de persegui-los e criminalizá-los.

Comissão Pró-APG USP-Capital
São Paulo, 29 de outubro de 2011

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