sexta-feira, 18 de novembro de 2011

terça-feira, 15 de novembro de 2011

EVENTO CANCELADO NA USP DIA 27/11/2011

ROLO

Dia 17/11/2011 às 17 horas, no espaço-sede do Núcleo de Consciência Negra na USP



Avenida Prof. Lúcio Martins Rodrigues, Travessa 4 Bloco 3, Tel: 3091-4291 - Barracões atrás da FEA / USP.
 
O Núcleo de Consciência Negra (NCN) está sob ameaça de deixar de existir fisicamente dentro da USP e, sendo assim, pede o apoio de todo/as que se solidarizam com seus objetivos e com sua atuação dentro do espaço  político e acadêmico da USP. Com efeito, ele está sendo ameaçado de expulsão desse espaço que ocupa há mais de 2 décadas. Ora, sabemos que sem esse espaço, o NCN terá menos força e ficará inviabilizado de perseguir seus objetivos em benefício dos jovens afrodescendentes presentes e futuros.

O que está acontecendo?
Desde sua criação há mais de 20 anos, o NCN sofre constantes ameaças de perder o uso do espaço e ser expulso da USP por conta de levantar e defender uma bandeira a qual a USP quer ignorar... a bandeira das reparações históricas ao povo negro e da inclusão étnica-racial... e neste momento a USP quer demolir o barracão que ocupamos no campus da Cidade Universitária / Butantã.

Em Setembro/2011, a Reitoria da USP encaminhou um pedido para a Comissão Permanente de Políticas Públicas de Inclusão Social, criada pela Portaria GR Nº 4846, para que esta  fizesse uma avaliação de mérito sobre a relevância das atividades desenvolvidas pelo NCN que justifique (ou não) a sua permanência no campus. O parecer, cuidadosamente elaborado e assinado pela Professora Dra. Eunice de Aparecida de Jesus Prudente, Presidente da Comissão citada, fez uma análise pormenorizada sobre a existência do NCN no espaço da USP, assim como sobre as numerosas atividades desenvolvidas pelo NCN, visando sempre à integração dos afrodescendentes tanto na USP como na sociedade brasileira de modo geral e concluiu o relatório advogando que a permanência do NCN pode ocorrer mediante um instrumento jurídico que regulariza a incorporação do NCN pela USP (leia-se... se nós deixarmos de existir enquanto associação política autônoma e passarmos a ser um "Núcleo" da USP, sob seu comando). 

O parecer da USP não diz em momento algum que a USP garantirá o uso do nosso espaço para desenvolvermos nossas atividades, que dentre elas destacamos: o Curso Popular Pré-vestibular, o Centro de Estudo de Idiomas (CEI), as Oficinas de Teatro e as Oficinas de Cidadania, que abarcam debates, seminários e palestras sobre a história, as demandas e a cultura afro-brasileira. 

É diante dessa indefinição e impasse no qual se encontra o futuro do NCN, que seus membros, estudantes, funcionários e docentes estão convocando uma reunião ampla, com lideranças de diversos setores que apoiam os objetivos e a ação do NCN, para atuarmos conjuntamente visando encontrar uma solução duradoura contra a repressão e ameaças que o NCN está sofrendo.

Por conta disto, contamos com a sua presença, solidariedade e apoio!

Coordenação do Núcleo de Consciência Negra

FORA A POLÍCIA MILITAR


FORA A POLÍCIA MILITAR
COTAS NAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS NO ESTADO DE SÃO PAULO É BANDEIRA DE LUTA DA VIII MARCHA DA CONSCIENCIA NEGRA!

No dia 08 de novembro de 2011, vários grupamentos da polícia militar realizaram uma incursão violenta na Universidade de São Paulo, atendendo ao pedido de reintegração de posse requisitado pela reitoria e deferido pela Justiça. Durante essa ação, a moradia estudantil (CRUSP) foi sitiada com o uso de gás lacrimogênio e um enorme aparato policial. Paralelamente, as tropas da polícia levaram a cabo a desocupação do prédio da reitoria, impedindo que a imprensa acompanhasse os momentos decisivos da operação. Por fim, 73 estudandes foram presos, colocados nos ônibus da polícia, e encaminhados para o 91º DP, onde permaneceram retidos nos veículos, em condições precárias, por várias horas. 
            Ao contrário do que tem sido propagandeado pela grande mídia, a crise da USP, que culminou com essa brutal ocupação militar, não tem relação direta com a defesa ou proibição do uso de drogas no campus. Na verdade, o que está em jogo é a incapacidade das autoritárias estruturas de poder da universidade de admitir conflitos e permitir a efetiva participação da comunidade acadêmica nas decisões fundamentais da instituição. Essas estruturas revelam a permanência na USP de dispositivos de poder forjados pela ditadura militar, entre os quais: a inexistência de eleições representativas para Reitor, a ingerência do Governo estadual nesse processo de escolha e a não-revogação do anacrônico regimento disciplinar de 1972.
            Valendo-se desta estrutura, o atual reitor, não por acaso laureado pela ditadura militar, João Grandino Rodas, nos diversos cargos que ocupou, tem adotado medidas violentas: processos administrativos contra estudantes e funcionários, revistas policiais infundadas e recorrentes nos corredores das unidades e centros acadêmicos, vigilância sobre participantes de manisfestações e intimidação generalizada.
            Este problema não é um privilégio da USP. Tirando proveito do sentimento geral de insegurança, cuidadosamente manipulado, o Governo do Estado cerceia direitos civis fundamentais de toda sociedade. Para tanto, vale-se da polícia militar, ela própria uma instituição incompatível com o Estado Democrático de Direito, como instrumento de repressão a movimentos sociais, aos moradores da periferia, às ocupações de moradias, aos trabalhadores informais, entre outros.
            Por tudo isso, nós, pesquisadores da Universidade de São Paulo, alunos de pós-graduação, mestres e doutores, repudiamos o fato de que a polícia militar ocupe, ou melhor, invada os espaços da política, na Universidade e na sociedade como um todo.
 
 
Fábio Luis Ferreira Nóbrega Franci – Mestrando da Filosofia-USP
Henrique Pereira Monteiro – Doutorando em Filosofia-USP
Silvia Viana Rodrigues - Doutora em Sociologia-USP
Fernanda Elias Zaccarelli Salgueiro – Graduanda Filosofia-USP
Georgia Christ Sarris – Doutoranda Filosofia-USP
Gilberto Tedeia – Doutor em Filosofia-USP
Anderson Gonçalves Santos – Doutor em Filosofia-USP
Bianca Barbosa Chizzolini – Mestranda em Antropologia-USP
Maria Caramez Carlotto – Doutoranda em Sociologia-USP
Eduardo Altheman Camargo Santos – Mestrando em Sociologia-USP
Daniel Santos Garroux – Mestrando em Letras-USP
Nicolau Bruno de Almeida Leonel – Doutorando em Cinema-USP
Ana Paula SAlviatti Bonuccelli – Mestranda em História – USP
Anderson Aparecido Lima da Silva – Mestrando em Filosofia – USP
José Calixto Kahil Cohn – Mestrando em Filosofia – USP
Antonio Fernando Longo Vidal Filho – Mestrando em Filosofia –USP
Philippe Freitas – Mestrando em Música – UNESP
Bruna Della Torre de Carvalho Lima – Mestranda em Antropologia – USP
Lucas Amaral de Oliveira – Programa de Pós Graduação em Sociologia – USP
Bruna Nunes da Costa Triana – Programa de Pós-Graduação em Antropologia – USP
José César de Magalhãs Jr. – Doutorando em Sociologia – USP
Eduardo Orsilini Fernandes – Mestrando em Filosofia USP
Weslei Estradiote Rodrigues – Mestrando em Antropologia – USP
Bruno de Carvalho Rodrigues de Freitas – Graduando em Filosofia – USP
Camila Gui Rosatti – Graduando em Ciências Sociais – USP
Martha GAbrielly Coletto Costa – mestranda em Filosofia
Rafael Garganp – Mestrando em Filosofia – USP
Antonio David – Mestrando em Filosofia – USP
Pedro Alonso Amaral Falcão – Mestrando em Filosofia

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

ABDIAS DO NASCIMENTO É UM DOS PRINCIPAIS HOMENAGEADOS PELA VIII MARCHA DA CONSCIENCIA NEGRA




ABDIAS DO NASCIMENTO É UM DOS PRINCIPAIS HOMENAGEADOS PELA VIII MARCHA DA CONSCIENCIA NEGRA

CELEBRAÇÃO DA VIDA E OBRA DE ABDIAS NASCIMENTO E CERIMÔNIA DE
DEPOSIÇÃO DE SUAS CINZAS NO ALTO DA SERRA DA BARRIGA
 
Ìgbà Ábídi Seminário Afro-Brasileiro
Projeto Raízes de Áfricas e parceiros, Faculdade Integrada Tiradentes
Dia 12 de novembro – Av. Com. Gustavo Paiva, 2990 - Maceió
 
Cerimônia de Deposição das Cinzas de Abdias Nascimento
no Alto da Serra da Barriga
Dia 13 de novembro
 
 
DATA
HORA
ATIVIDADE

 
12/nov 
8h às 9h
9h
 
 
 10h
 
  
 10h30 
 
 
 
11h00
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12h00
Entrega de material
Lançamento Documentário: Abdias Nascimento
Roteiro e Direção de Fernando Bola
Abertura solene
Execução do Hino Nacional- Madalena Oliveira (cantora alagoana)
Execução do Hino de Alagoas Madalena Oliveira (cantora alagoana)
Composição  da mesa.
Apresentações afro-culturais
Coral da 3ª Idade do SESC
Espetáculo Negro - Fernando Gonçalves de Lima- (Bailarino de Palmeira dos Índios/Alagoas)
Mesa I- * Enu!
A Serra da Barriga como patrimônio da humanidade e o movimento Negro antes e depois de Abdias Nascimento
Carlos Alberto Medeiros- Autor do livro Na lei e na raça. Foi um assessor dos mais importantes de Abdias Nascimento no Senado e na Secretaria de Defesa e Promoção das Populações Negras do Governo do Rio de Janeiro.
Adomair O. Ogunbiyi- Militante do Movimento Negro Unificado - MNU, pedagogo e estudioso das questões Étnico-raciais-São Luís - Maranhão
Deise Benedito- É Bacharel em Direito; Membro do Fórum Nacional de Entidades de Direitos Humanos – FENDH; Membro do Fórum Nacional de Mulheres Negras – FNMN; Assessora da Secretaria Executiva da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
Elson Davi da Silva Cardoso - Universidade Federal de Alagoas/Secretário de Cultura de União dos Palmares.
Mediação: Ilma Fátima de Jesus- Mestra em Educação pela Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Coordenadora Nacional de Formação do Movimento Negro Unificado - MNU (2009-2011)Membro do Conselho Editorial da Revista Raça Brasil.
Debate
*Enu- abertura em yorubá
 
12h40
 Intervalo para almoço
 
14h00
 
 
 
 
 
 
 
14h30
Apresentação do Prêmio Nacional Erí-okán (Consciência) Uma Homenagem a Abdias Nascimento
Mesa II- *Rirantí
Reflexões sobre os 80 anos da Frente Negra Brasileira
Carlos Alberto Caó - Jornalista ex-parlamentar e autor da Lei que criminaliza a prática do racismo no Brasil- Lei Caó
Leitura de Poema de Abdias Nascimento - Atriz Léa Garcia
Mediação: Fernando Bola – Jornalista TV Câmara
Debate
Rirantí memória e  yorubá.
 
16h
Mesa III- *Akogun
Saudação dos tambores nigerianos
Abdias Nascimento e o legado político-cultural pan-africanista.
Anani Dzidzienyo (Gana) – Professor de Estudos Africanos e de Estudos Luso-Brasileiros da Universidade Brown, EUA
Patrick Bellegarde-Smith - Professor Emérito de Estudos Africanos da Universidade de Wisconsin em Milwaukee.
Olatunde Babawale, Centro para Civilização e Cultura Negra e Africana, Ministério da Cultura e Turismo do Governo da Nigéria
Felix Ayoh'Omidire, Universidade Obafemi Awolowo, Nigéria
Leroi Callwell Johnson, Conselho do Museu Burchfield-Penney, Búfalo, Estado de Nova York, EUA
*Akogun herói em yorubá
 
18h00
Encerramento

13/nov
7h
Saída de Maceió para União dos Palmares
Início da cerimônia
Ìran
(família)
No sopé da Serra da Barriga
 
 
Parte II
Ranti (lembrar) 
Espaço Abdias Nascimento
Lagoa dos Negros
9h30
Invocação aos ancestrais - viúva Elisa Larkin Nascimento e família
Oferenda de bebida aos ancestrais na tradição africana: professor Anani Dzidzienyo e filhos de Abdias Nascimento – Henrique Nascimento, Bida Nascimento, Osiris Larkin Nascimento.
Leitura do poema "Escalando a Serra da Barriga", Débora Almeida (Fórum Nacional de Performance Negra), Chico de Assis (ator alagoano).
Saudação de todos os tambores - os nigerianos, Emile Latimer (Búfalo, EUA), Djalma Corrêa e percussionistas brasileiros.
 
Abertura  solene
Execução do Hino Nacional pela Banda do Exército Brasileiro
Execução do Hino de Alagoas- Cantora-Madalena Oliveira
Execução do Hino de União dos Palmares
Saudações brasileiras.        
Saudações africanas e internacionais.
Plantio de muda de baobá pelos filhos de Abdias Nascimento
Plantio de muda de gameleira branca pela bisneta Luíza Guzman do Nascimento
Cerimônia interreligiosa. Participação do professor e babalawô Wande Abimbola (Nigéria), Iradj Eghrari (Ba’hai), Patrick Bellegarde-Smith (vodou haitiano), oficiantes do candomblé e de outras fés.
Deposição das cinzas.
Colocação da lápide.

Entre tambores e cuícas: O racismo ainda é o maior mal


Enviado Milton MNU

Entre tambores e cuícas: O racismo ainda é o  maior mal

 Após assistir a um vídeo de um culto, dentro uma igreja de base pentecostal, resolvi evidenciar algumas preocupações do ponto de vista da liberdade religiosa. Retomo o passado e lembro que os nazistas a mando de Hitler antes do Holocausto, para construir e promover o ódio aos judeus ridicularizava e endemonizava a sua cultura. Atualmente muitos seguidores de religiões  pentecostais transformaram sua pratica religiosa em perseguição religiosa aos cultos de origem africana. Muito semelhante aos seguidores  da seita nazifascistas racistas e assassina denominada Kun Klus Kan nos Estados Unidos da América( que, diga-se de passagem, são seguidores da religião Adventista dos últimos dias). È comum ver dentro dessas igrejas  a reprodução  e uso dos rituais de religiões de matriz africana não só para esvaziá-los de sentido , mas para nos caracterizá-los pejorativamente como o sentido do mal- o Mal a ser exterminado, leia-se povos a ser exterminados. 
È lamentável e inadmissível que no século XXI, pareça que estamos entre o período da Inquisição ou diante da  SEGUNDA GUERRA NACIONAL RELIGIOSA.
O PIOR É CONSTATAR QUE OS CULTOS PENTECOSTAIS, USAM NOSSOS SÍMBOLOS, NOSSOS INSTRUMENTOS, NOSSA COSMOGONIA AFRICANA PARA DESTRUÍ-LOS, Uma demonstração de  desrespeitosa de  RITUAIS DE 6000 ANOS ao cristalizá-los como FOLCLORE DO MALIGNO.
O contraditório  DE TUDO ISTO é que grande parte dos brasileiros quando adoecem de enfermidades graves recorrem aos terreiros de candomblé ou umbanda para se tratarem. Portanto a história das contribuições da cultura religiosa de matriz africana tem se mostrado um avanço na cultura DO BEM, DA CULTURA DA CURA. Os terreiros sempre foram verdadeiros exemplos de "hospitais" de pratica de uma medicina integral e fitoterapia . São políticas de saúde pública, são espaços de retomada histórica de nossos territórios de liberdade, são referencias de sociedade multicultural. A nossa história revela que o legado africano tem mais relações COM O BEM SOCIAL E COM A JUSTIÇA DO QUE MATRIZES PSEUDO RELIGIOSAS
O movimento Negro Unificado denuncia essa intolerância religiosa, e reforça que a sociedade não deve permitir que essa violência simbólica se perpetue. No passado torturavam e assassinaram nossos ancestrais africanos  e queimaram as mulheres do candomblé na fogueira em nome da fé no judaísmo cristão católico, depois os europeus nazistas assassinaram e exterminaram em  câmara de gás, negros e judeus em nome de uma suposta "raça e cultura pura". A conclusão é que segundo Bourdieu, a violência física sempre é antecipada pela violência simbólica, assim o poder simbólico do racismo,  faz com os oprimidos aceitem, assimile e acredite no discurso do opressor e destruam a si mesmos. Negros alienados que oprimem nossa cultura devem se libertar do discurso racista e anti africano . Não podemos nos destruir assim, isto é uma autofagia cultural, a morte de nós mesmos. Mesmo que estejamos diante de uma manifestação de Fé cabe lembrar que em nome da fé também se produz racismo, antiafricanismo e desrespeito religioso  e nazismos. Como não existem escolas para a promoção da igualdade o resultado é que até os negros e mulheres negras podem aprender e reproduzir esse MASSACRE CULTURAL COM AS MANIFESTAÇÔES DE MATRIZ AFRICANA. O poder simbólico do racismo supera a “ pele preta”.A nossa emancipação é a tomada da consciência negra , dos nossos direitos enquanto sujeitos de nossa história.

Enquanto militantes e cidadãos , não podemos e não vamos permitir que promovam a violência simbólica e física mais uma vez com a nossa história e com o maior bem que carregamos: O NOSSO LEGADO ANCESTRAL E ESPIRITUAL AFRICANO. Esse legado é LIBERTÀRIO  E SAGRADO

ANGELA GOMES/MNU MG.

domingo, 13 de novembro de 2011

OAB-SP vai receber denuncia de racismo



Enviado Marcia Farro

A OAB SP assina na próxima quarta-feira (16/11), às 10 horas, na sede da Ordem Convênio com a Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania para que a Ordem atue como órgão receptor de denúncias de crime de racismo.Participam da assinatura o presidente da OAB SP, Luiz Flávio Borges D'Urso; a secretária de Justiça e Cidadania, Eloisa de Sousa Arruda e o presidente da Comissão de Igualdade Racial, Eduardo Pereira da Silva .
O convênio terá duração de 30 meses, a partir da data de assinatura, e não envolve repasses de recursos materiais e/ou financeiros entre os participantes. Visa "contribuir para a construção de uma Rede de Superação à Discriminação Preconceito e intolerância envolvendo as diversas instâncias de discussão".
"Esse convênio tem um papel importante porque, diante da capilaridade da OABSP, o cidadão passará a ter mais locais para apresentar sua denúncia de crime de racismo, a qual será encaminhada à Secretaria de Justiça para a apuração competente. Nas 225 subsecções da Ordem em todo o Estado, a comunicação terá a acolhida necessária nesse momento de sofrimento da vítima", explica Eduardo Pereira da Silva, presidente da Comissão da Igualdade Racial da OAB SP.
Para o presidente D'Urso, esse é mais um serviço de cidadania prestado pela OAB SP. "A vítima de discriminação racial fica fragilizada, abalada com a violência sofrida, que pode ocorrer em qualquer espaço, tais como estabelecimentos comerciais, escola, ambiente de trabalho ou até na porta giratória de um banco. Nas 225 subsecções da OAB SP receberemos a denúncia de qualquer ato discriminatório, dando o devido encaminhamento junto à Secretaria da Justiça e Cidadania", ressalta D'Urso.
REFERÊNCIA: OAB-SP vai receber denuncia de racismo. Disponível em: http://www.oabsp.org.br/noticias/2011/11/11/7420. Acesso em: 12 Nov. 2011.

PROJETO POLÍTICO DO POVO NEGRO PARA O BRASIL

Milton Barbosa


Desde o início da década de noventa que o Movimento Negro Unificado – MNU, 
vem debatendo internamente a necessidade de construção de um Projeto
Político do Povo Negro Para o Brasil, que de fato se contraponha ao Projeto
Político que há longo tempo está posto, que é racista, machista, e tem como 
meta a preservação do capitalismo e da hegemonia branco-européia sobre as
outras etnias que compõem a sociedade brasileira como um todo.
A necessidade de construção deste projeto, fica a cada dia mais evidente,
pois embora avancemos em nossa luta, embora acumulemos importantes vitórias,
a condição de vida da população negra a cada dia ganha contornos mais
degradantes.
Embora a ciência e a tecnologia criem condições de melhor combater as 
mazelas que se abatem sobre as populações, como doenças, falta de alimentos,
tragédias ecológicas e outras, os índices negativos em relação às populações
negras no Brasil e no mundo se mantém inalterados e em muitos  casos 
agudizados.
Quando criamos o Movimento Negro Unificado no final da década de setenta, 18
de junho de 1978, o negro era reserva de mão de obra no mercado de trabalho.
Os postos de trabalho que os brancos não queriam devido às condições de 
insalubridade, baixa remuneração, ou ausência de "status" social, eram
ocupados pelos negros.
Trabalhos domésticos, trabalhos manuais no comércio e na indústria, acabavam
abrindo espaço aos trabalhadores negros. O comércio autônomo (camelôs ou 
marreteiros) era constituído por um imenso contingente de trabalhadores
negros.
As principais bandeiras naquele período apontavam luta contra a
discriminação racial na admissão de empregos e  no trabalho.Igualdade 
salarial entre trabalhadores negros e brancos e, ainda outras bandeiras, que
denunciavam a ação racista da polícia sobre o negro – Violência Policial -,
o racismo nos meios de comunicação e, para combatermos o ensino oficial 
racista, exigíamos a inclusão da história da África e do negro no Brasil nos
currículos escolares.
Após quase vinte oito anos, o Mito da Democracia Racial Brasileira , uma
sofisticada política de dominação e manipulação está no chão. 
A ação organizada do movimento negro, criando núcleos de combate ao racismo
em todo o país, nas categorias de trabalhadores, partidos políticos,
associações de moradores, universidades públicas e privadas, nas
instituições  religiosas , no ensino médio e fundamental e outras áreas,
realizou importantes transformações.
O Brasil é reconhecidamente um país racista, e o próprio governo sabe que
deve instituir política de combate ao racismo para que este país se 
viabilize.
A violência policial que era confrontada em atos públicos realizados pela
juventude negra, hoje tem a sua ação genocida escancarada para a sociedade
através da imprensa escrita, falada e televisada. 
Livros importantes, como "Rota 66"  do jornalista Caco Barcelos mostrou de
forma pesquisada como a Polícia Militar matava mais aos negros em suas
ações.
Em 1993, a "Chacina da Candelária" que matou crianças negras em pleno centro 
da cidade do Rio de Janeiro, a "Chacina do Morro do Vidigal" que matou vinte
e uma pessoas, na maioria trabalhadores, mostrou para o país e para o mundo,
o total desrespeito à vida do negro . Em todo o país chacinas menores 
acontecem regularmente sem a presença da mídia.
Pesquisas realizadas por Sérgio Adorno,  professor da Universidade de São
Paulo – USP, analisando 500 processos criminais na cidade de São Paulo em
1990 apontam: "que os negros são presos em flagrantes com mais freqüência 
que os brancos, na proporção de 58% contra 46%. Isso sugere que sofrem maior
vigilância da polícia. Vimos ainda que 27% dos brancos respondem ao processo
em liberdade, enquanto só 15% dos negros conseguem esse benefício. Apenas 
25% dos negros levam testemunhas de defesa ao tribunal, que é uma prova
muito importante, enquanto 42% dos brancos apresentam esse tipo de prova".
Segundo Sérgio Adorno, "não posso afirmar que os juízes sejam racistas. 
Posso sim garantir que não existe igualdade de direitos entre negros e
brancos e que há um problema racial.
Nós do movimento negro afirmamos  enfaticamente que percentualmente o negro
é mais reprimido pela polícia e percentualmente recebe mais condenações que 
os brancos.
Estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE -, da
Fundação Getúlio Vargas , Instituto de Pesquisas Econômicas e Atuárias –
IPEA - da USP e mesmo Institutos Internacionais da Organização das Nações 
Unidas – ONU - , hoje , afirmam o que os movimento negros vem denunciando já
a algum tempo. A condição der miserabilidade da população negra no Brasil.
Como resposta as pressões dos movimentos negros e outros setores que 
trabalham pelo promoção da igualdade racial , o estado e a sociedade
brasileira em geral  tem buscado dar respostas já desde o início do anos
oitenta, quando (1984) o Governo Franco Montoro criou o Conselho de
Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra órgão ligado à Secretaria
de Governo do Estado de São Paulo.
Este tipo de  Conselho, posteriormente, seria criado também, nos estados da
Bahia, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Distrito 
Federal e, ainda nos municípios do Rio de Janeiro, Belém, Santos e Uberaba.
Em 1986, o Movimento Negro Unificado e outras entidades, realizaram a
Convenção Nacional do Negro, de onde saíram entre outras as propostas de 
criminalização do racismo e a resolução 68,  que exigia o título de posse da
terra aos Remanescentes de Quilombos, leis inseridas na constituição de
1988.
Em 1988, o Governo Sarney, instituiu a Fundação Cultural Palmares. 
O governador do estado do Rio de Janeiro, em 1991, criou a Secretaria de
Defesa e Promoção das Populações Negras .
No bojo dessas políticas, foram criadas as Delegacias Especializadas em
Crimes Raciais, Coordenadorias do Negro e outras ações similares. 
Quando o MNU foi criado em 78, o negro era reserva  de mão de obra no
mercado de trabalho, a partir dos anos noventa passamos a viver uma nova
conjuntura.
Com o desenvolvimento tecnológico dos países industrializados, através da
informatização e robotização, uma máquina passou a realizar tarefas que eram
realizadas por cem, mil, dezenas de milhares de trabalhadores.
Milhões de postos de trabalhos foram eliminados e não só nos países
desenvolvidos, mas também nos chamados países em desenvolvimento.
Bilhões de pessoas correm o risco de ficarem sem emprego.
Setores reacionários nos países desenvolvidos discutem abertamente , que
bilhões de pessoas não serão absorvidas pelo mercado de trabalho e estarão 
fora do mercado consumidor. Dizem que há uma população excedente e que tem
que ser eliminada.
Os países desenvolvidos usam uma linguagem sofisticada.
Chamam a estes projetos genocidas de: 1- Controle de Natalidade ; 2 – 
Desregulamentação do Trabalho: e 3 – Enxugamento do Estado.
Com o controle de natalidade traçam políticas de contenção do contingente
populacional  de populações pobres, com ações específicas sobre a população
negra que se concentram em maiores quantidades em alguns estados como,
Maranhão, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Minas Gerais, Rio de Janeiro.
O percentual de mulheres esterilizadas no Brasil,  através de campanhas
governamentais são maiores nestes estados de grande concentração de 
população negra.
Com o nome pomposo de desregulamentação do trabalho, são traçadas
estratégias para retiraram conquistas históricas dos trabalhadores, tais
como, quantidade máxima de horas de trabalho por semana, salário mínimo, 
horas extras,13º salário, licença maternidade, licença médica e outras
conquistas, que custaram muita luta e muito sangue dos trabalhadores.
Com a alegação de que falta flexibilização nos contratos sociais de
trabalho, que, segundo eles, prejudicam os pequenos empresários, os patrões
querem rever leis trabalhistas, aproveitando-se, do alto índice de
desemprego.
Tarefas importantes colocadas historicamente como função do estado, 
referentes às áreas de infra-estrutura social e econômica como, educação,
saúde, saneamento básico, moradia, transporte e outras áreas, hoje, são
deixadas de lado, com a política e enxugamento do estado.
Reduzem drasticamente os investimentos nas áreas sociais, buscando 
privatizar setores que são responsabilidade do estado, por pressão dos
países desenvolvidos, que criaram o Consenso de Washington - reuniões
realizadas pelo chamado G8 ,  oito  países altamente industrializados  – 
EUA,Alemanha, Japão, Inglaterra, Canadá, França, Itália e Espanha, para
traçarem políticas internacionais acordadas entre eles para a humanidade
como um todo.
Traçam política através do Fundo Monetário Internacional – FMI -, pela 
Organização Mundial do Comércio – OMC, que são as principais organizações
mundiais de imposição de políticas econômicas para os países "atrasados" –
maioria dos africanos - e em "desenvolvimento", na qual se inclui o Brasil. 
Para responder a esta secular dominação, o negro brasileiro, que como
brasileiro é colonizado por estes grupos internacionais e que como negro é
colonizado pelo branco, tem que necessariamente desenvolver um Projeto 
Político do Povo Negro Para o Brasil, ou seja, criar o seu projeto, com a
sua visão de mundo, da sua vida, para apresentar à sociedade brasileira,
visando transformá-la para uma sociedade sem racismo e sem exploração.
Estamos em fase de negociação de uma Congresso Nacional do Negro do Brasil,
que deverá definir rumos sobre Economia, Educação, Saúde, Cultura, Trabalho,
Moradia, Direito ao Lazer, Mulher, Juventude, Combate à Intolerância 
Religiosa  e outros pontos que afetam o dia a dia do negro/a e,
REPARAÇÕES é o principal eixo de discussão desse Congresso.
Milton Barbosa